Se tem algo que o setor agrícola brasileiro sabe fazer bem é desenvolver técnicas para melhorar a eficiência nas lavouras. O SPD (Sistema de Plantio Direto) e a rotação de culturas são dois métodos amplamente utilizados no Brasil, frutos do aprimoramento das estratégias de manejo. Seguindo essa orientação, foram desenvolvidos estudos para inovar e oferecer alternativas para um MIN (Manejo Integrado de Nematoides) mais eficiente, que considere as atuais necessidades e a realidade do produtor rural.

Dois fatores principais justificam o surgimento dessas iniciativas em relação ao manejo de nematoides por todo o país, encabeçadas por instituições de pesquisa de diversas naturezas:

  1. os danos econômicos causados por nematoides são alarmantes;
  2. a eficiência da produção nas propriedades rurais pode ser ampliada por sistemas de sucessão de cultura de inverno, como o trigo, intercaladas com culturas de verão, como a soja e o milho.

Outro fator que chama a atenção na busca por medidas de manejo integrado que envolvem estratégia para o cultivo do trigo é o aumento da produção, batendo recordes na última safra e com potencial para expandir ainda mais nos próximos anos. Assim, a cultura precisa ser considerada quando o assunto é uma produção agrícola intensiva e estratégica.

Cenário dos nematoides no Brasil

Diante da verificação de aumento da incidência de nematoides em áreas agrícolas por todo o país, a Syngenta, por meio da Operação Inimigo Oculto, fez um levantamento dos danos que esses vermes podem causar, de acordo com a região produtora e com a cultura.

Considerando que a cultura do trigo no RS (Rio Grande do Sul) e no PR (Paraná) corresponde à maior parte da produção nacional, vale avaliar a presença dos nematoides nessas regiões. O estudo retirou amostras de solo por todo o país, e verificou a frequência de nematoides por amostra, assim como a identificação das diferentes espécies:

  • 99,94% das amostras analisadas na região do Paraná continham nematoides;
  • 98,42% foi a frequência verificada para o Rio Grande do Sul.

Para a cultura da soja, as perdas estimadas são de uma safra a cada 10 anos (R$ 374 bi), enquanto para o milho é possível estimar uma perda equivalente a 0,9 safras no mesmo período (R$ 110,3 bi). A Operação Inimigo Oculto mapeou ainda as principais espécies de nematoides que precisam de atenção, tanto por parte dos produtores quanto das instituições que desenvolvem e transferem tecnologias. São elas:

  • nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.);
  • nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis);
  • nematoide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus);
  • nematoide-da-haste-verde (Aphelenchoides besseyi);
  • nematoide-do-cisto-da-soja (Heterodera glycines);
  • nematoide-espiralado (Helicotylenchus dihystera).

Diante dessa variedade de espécies, da alta incidência e da agressividade dos danos, fica evidente que nematoides precisam ser controlados por meio de um sistema integrado, com estratégias de longo prazo, além daquelas que entregam resultados imediatos. Portanto, a rotação de culturas é uma ação complementar para o Manejo Integrado de Nematoides, que pode auxiliar na redução dos prejuízos econômicos para as culturas subsequentes, como soja e milho, desde que seja realizada a identificação correta das espécies que estão ocorrendo.

O Manejo Integrado de Nematoides e a rotação de culturas

O uso de cultivares resistentes a determinada espécie e/ou raça de nematoide , a aplicação de nematicidas no TS (Tratamento de Sementes) e a rotação de culturas com plantas não hospedeiras ou má hospedeiras são três medidas eficientes no Manejo Integrado de Nematoides. Essa última, vem mostrando-se bastante interessante, pois a cultura do trigo, por exemplo,  não favorece o crescimento populacional desses vermes, de maneira que a área mantém-se produtiva durante o inverno e ainda pode diminuir a pressão dos patógenos para a safra de verão plantada em sucessão.

A estratégia da rotação de culturas tem seu potencial de manejo de nematoides efetivo se as cultivares utilizadas nas culturas de verão forem resistentes/tolerantes à espécie-alvo identificada na área, somada à escolha de um TS eficiente e a possíveis outras estratégias de manejo. Isso porque o controle de nematoides é extremamente difícil, e medidas isoladas não são suficientes. A ausência do MIN nesses moldes pode ocasionar a reincidência ou o retorno do aumento populacional.

Como o trigo apresenta menores índices de evolução de nematoides, posicioná-lo como cultura de inverno em rotação com outros grãos pode diminuir a população do verme na área e evitar danos econômicos na safra de verão. Já foram realizados testes dessa estratégia em regiões com alta incidência de nematoide-das-galhas que surtiram bons resultados a partir de cultivares cujo FR (fator de reprodução) realmente apresenta recuo. 

Assim, verifica-se que há genótipos de trigo que podem sim reduzir a quantidade de nematoides no solo, mas outras geram reações no patógeno que causariam o efeito oposto. A rotação de culturas tem potencial para auxiliar no manejo no trigo e na cultura subsequente, quando integrada ao uso de cultivares resistentes às espécies identificadas.

Além disso, a palhada proveniente da cultura do trigo antecedendo soja ou milho pode melhorar a qualidade do solo, o que também contribui para o manejo integrado, não só de nematoides, mas de pragas e doenças também. Com essa versatilidade de utilização, o trigo se mostra como uma excelente opção para diversificação de cultivos.

Assim, conclui-se que a rotação de culturas pode ser inserida no plano de Manejo Integrado de Nematoides, juntamente com o monitoramento da área, a identificação das espécies, a avaliação do potencial de danos, a escolha das cultivares, o uso de Tratamento de Sementes, para além do posicionamento de defensivos agrícolas no intervalo correto e com tecnologia de aplicação adequada.

Com isso, viabiliza-se a proteção do potencial produtivo das culturas de interesse econômico, evita-se perdas e danos causados por nematoides nas culturas em rotação ou sucessão com o trigo e ainda o agricultor pode ter incrementos na rentabilidade, pela produção e oferta do cereal de inverno.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.

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